Depois de ver a última pessoa, a ideia de Trump voltou a mudar mais uma vez.
Enquanto a Wall Street quase tinha certeza de que o novo presidente do Federal Reserve seria Kevin Hassett, na semana passada, uma reunião recente de Trump na Casa Branca com o ex-membro do Fed, Kevin Warsh, deixou essa aposta novamente em suspense.
Diferente de encontros anteriores, desta vez, após a reunião, a atitude de Trump em relação a Warsh mudou de forma sutil, mas significativa, demonstrando uma maior aprovação, chegando a afirmar em uma entrevista ao The Wall Street Journal: “Acredito que ambos, os Kevins, são ótimos”, colocando Warsh ao lado de Hassett na lista de candidatos à presidência do Fed.
A disputa entre Hassett e Warsh, que passou de uma “delação solo” de Hassett para uma “dupla Kevin”, não representa apenas uma mudança de “dovish loyalist” para “reformista do Federal Reserve”, mas, na essência, é uma batalha pelo fluxo de liquidez do dólar nos próximos quatro anos (leitura adicional: “Perspectivas para o novo chefe do Fed: Hassett, Coinbase e a lealdade de Trump ao dovish”).
Pode-se dizer que, para o mercado, a frase de Trump “ambos são ótimos” representa uma “incerteza enorme”.
1. De uma “delação solo” de Hassett para a disputa entre os “dois Kevins” Warsh e Hassett
Os mercados financeiros sempre são os mais honestos, e na previsão do mercado Polymarket, os fundos com maior sensibilidade já fizeram uma reprecificação antecipada dessa “luta pelo poder”.
Até 16 de dezembro, quando este artigo foi escrito, no fundo de apostas “Quem será o próximo presidente do Fed?” (Who will Trump nominate as Fed Chair?), a probabilidade de Warsh ultrapassou 45%, superando Hassett (42%) e tornando-se o principal candidato.
Para se ter uma ideia, apenas duas semanas antes, no início de dezembro, Hassett tinha uma vantagem esmagadora de mais de 80%, enquanto Warsh, na época, tinha uma taxa de vitória de apenas dígitos, assim como outros “corredores secundários” (Atualização: até 17 de dezembro, Hassett voltou a liderar com 53% contra 27% de Warsh).
O que exatamente aconteceu para que a situação inicialmente clara se revertesse de forma tão rápida? Após análise das informações públicas, a ascensão repentina de Warsh e a perda de prestígio de Hassett provavelmente se devem aos detalhes de “uma entrada e uma saída” entre eles.
Primeiro, a razão pela qual Warsh conseguiu subir ao topo deve-se, em grande parte, à sua rede de contatos direta com o núcleo de Trump.
Na verdade, em comparação com Hassett, que tinha uma posição de “assessor de equipe”, Warsh tinha uma relação mais próxima com Trump, graças ao seu sogro — o bilionário e herdeiro da Estée Lauder, Ronald Lauder, que não só é financiador de Trump, mas também seu colega de faculdade e amigo próximo há anos.
Com esse respaldo, Warsh não só ofereceu conselhos ao time de transição, como também foi visto por Trump como “um de seus”. Além disso, Warsh é amigo de longa data do atual secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e há relatos de que Trump considerou nomear Mnuchin como próximo presidente do Fed.
Além das relações pessoais, Warsh também conquistou o apoio do “mundo profissional”. Segundo fontes do FT, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, declarou apoio a Warsh em uma recente cúpula fechada de gestores de fundos, afirmando abertamente que Hassett poderia implementar cortes de juros radicais para agradar Trump, o que poderia gerar uma reação inflacionária negativa.
Isso, de certa forma, reflete a preferência do círculo de elite de Wall Street, e o apoio coletivo vindo de lá certamente aumenta as chances de Warsh. Na reunião da semana passada entre Trump e Warsh, essa confiança foi confirmada — Trump revelou que Warsh é sua primeira escolha e afirmou que Warsh tem uma visão “bastante alinhada” com a dele em relação à política monetária, chegando a dizer que consultaria Warsh na formulação de taxas de juros, embora sem obrigatoriedade de seguir suas recomendações.
Por outro lado, Hassett, que parecia estar em uma posição confortável, cometeu um erro tático: antes mesmo de ser oficialmente nomeado, tentou demonstrar sua “independência” ao mercado.
Nas várias declarações públicas da semana passada, para responder às preocupações do mercado de títulos de que ele “faltava coragem”, Hassett tentou se distanciar de Trump, por exemplo, ao ser questionado sobre o peso da opinião de Trump nas decisões do Fed, respondeu: “Não, a opinião dele não terá peso algum… Só terá valor de referência se suas opiniões forem razoáveis e fundamentadas em dados”, chegando a acrescentar: “Se a inflação subir de 2,5% para 4%, aí não será mais possível cortar juros”.
Objetivamente, esse tipo de discurso “modelo de fala de presidente do banco central” pode tranquilizar os traders de títulos, mas também tem grande potencial de irritar Trump, que deseja controlar tudo. Curiosamente, após essas declarações, a reunião de Trump com Warsh começou a aparecer na mídia.
Afinal, Trump precisa de um parceiro “obediente”, e não de outro Powell “que fica dando lições”. Para manter o controle sobre a política monetária futura, independentemente das intenções iniciais de Hassett, esse tipo de declaração de tentativa de se afastar do assunto provavelmente foi percebida por Trump como um sério “fator de penalização”.
2. Warsh: de um passo próximo ao “trono” do Fed a um insider
Na verdade, Warsh não é um “outsider” que apareceu do nada. Durante o primeiro mandato de Trump, ele foi aquele que “quase conseguiu tudo, mas acabou ficando pelo caminho”.
Poucos se lembram que, atualmente, o nome de Powell, frequentemente criticado por Trump, foi nomeado por Trump em 2017.
O que poucos sabem é que, naquela época, a disputa final foi entre Powell e Warsh. Warsh tinha o título de “mais jovem membro do Fed” (35 anos na época), e foi um braço direito de Bernanke durante a crise financeira de 2008, mas acabou perdendo para Powell, que foi fortemente apoiado pelo então secretário do Tesouro, Mnuchin.
Curiosamente, após quatro anos, Trump parece estar corrigindo esse “erro” do passado — no final do ano passado, o FT revelou que, após sua reeleição, Trump considerou nomear Warsh como secretário do Tesouro.
Pode-se dizer que Warsh nunca saiu da mira de Trump, sempre “no centro do coração”.
Isso se deve à sua formação quase perfeita: “bacharel em Stanford, doutor em Direito pela Harvard, ex-executivo do Morgan Stanley, e membro-chave do núcleo econômico do governo Bush Jr.”:
Na universidade, estudou Economia e Estatística em Stanford, depois cursou Direito na Harvard Law School, além de fazer cursos de Mercado de Capitais na Harvard Business School e no MIT Sloan, sendo um profissional multidisciplinar que transita entre direito, finanças e regulação;
Após a graduação, trabalhou na equipe de fusões e aquisições do Morgan Stanley por vários anos, atuando como consultor financeiro de várias empresas, até que, em 2002, deixou o cargo de vice-presidente e diretor executivo do Morgan Stanley;
Depois de ingressar na equipe de Bush Jr., atuou como assistente especial de política econômica do presidente e secretário executivo do Conselho Econômico Nacional, fornecendo recomendações ao presidente e aos altos funcionários do governo sobre questões relacionadas à economia, mercado de capitais, bancos e seguros.
Somando-se ao seu background de família bilionária, não é exagero dizer que, nos últimos vinte anos, Warsh esteve ativo no círculo dos principais financistas globais, desde o Morgan Stanley até o Conselho Econômico Nacional do governo Bush Jr. e o Fed.
Portanto, conhecedor das regras do jogo em Wall Street e membro do núcleo social de Trump, essa dupla característica é fundamental para que ele possa, em momentos críticos, virar o jogo contra Hassett.
3. Dois “Kevins”, dois roteiros diferentes
Embora ambos se chamem Kevin, Hassett e Warsh têm roteiros completamente diferentes para o mercado.
Se Warsh realmente assumir, é muito provável que não vejamos uma “festa de cortes de juros” como a de Hassett, mas sim uma cirurgia de alta precisão na política de QE do Fed e na sua estrutura de missão.
Isso porque, nos últimos quinze anos, Warsh tem sido um dos críticos mais ferozes do “antiqua QE” — ele já criticou publicamente o uso excessivo do balanço do Fed várias vezes, e em 2010 renunciou furioso por se opor à segunda rodada de flexibilização quantitativa (QE2).
Sua lógica é clara e firme: “Se pararmos de imprimir dinheiro silenciosamente, nossas taxas de juros podem ser ainda mais baixas”, ou seja, Warsh tenta reduzir a oferta monetária (QT) para conter as expectativas inflacionárias, abrindo espaço para reduzir as taxas nominais, uma operação de alta complexidade de “usar espaço para ganhar tempo”, com o objetivo de acabar com a era de quinze anos de “dinheiro dominando”.
Quanto à redução de juros, Warsh também já criticou a política do Fed de permitir uma inflação acelerada, e afirmou que, mesmo com as tarifas de Trump, apoiaria novos cortes de juros. Assim, segundo projeções do Deutsche Bank, se Warsh assumir, o Fed pode lançar uma combinação única: ao mesmo tempo, apoiar cortes de juros com Trump e reduzir agressivamente o balanço (QT).
Além disso, diferente de Powell, que tenta ajustar a economia de forma suave, Warsh defende que o Fed deve “fazer o mínimo possível”, acreditando que “orientações prospectivas têm pouco efeito em tempos normais”, e criticando a expansão de missões do Fed para temas como clima e inclusão, defendendo que o Fed e o Tesouro devem cumprir suas funções específicas: o Fed gerenciando as taxas de juros, e o Tesouro, as contas fiscais.
Claro que, apesar de suas críticas severas, Warsh é, na essência, um “reformista” e não um “revolucionário”. Quanto ao futuro do Fed, ele defende uma “restauração”, ou seja, manter sua estrutura central, mas eliminar as políticas equivocadas dos últimos dez anos. Assim, se assumir, o Fed voltará à sua missão fundamental de defender a moeda e a estabilidade de preços, deixando de lado a política monetária como uma tarefa que deveria ser do governo.
De modo geral, um Fed liderado por Warsh provavelmente reduzirá seu escopo de atuação e, com o tempo, normalizará o balanço.
Por outro lado, para o mercado de criptomoedas e ações de tecnologia, acostumados com a liquidez “alimentada”, a chegada de Warsh ao poder representa um grande desafio a curto prazo, pois, em sua visão, liquidez ilimitada é não só um veneno, mas algo que precisa ser “destruído”.
Por outro lado, a longo prazo, Warsh pode ser um verdadeiro “aliado” — graças ao seu forte apreço pelo livre mercado e pela desregulamentação, além de acreditar no potencial da economia americana, prevendo que IA e desregulamentação trarão uma explosão de produtividade semelhante à dos anos 1980, e também por ser um dos poucos altos funcionários que investiu de fato em criptomoedas (antes do projeto Basis, de stablecoins, e na gestora de fundos de criptomoedas Bitwise), sendo alguém que realmente entende do assunto.
Sem dúvida, isso cria uma base para uma recuperação saudável dos ativos financeiros após a fase de “desinflação”.
Claro que Warsh e Trump não estão totalmente alinhados. O maior risco é na política comercial. Warsh é um defensor ferrenho do livre comércio, tendo criticado publicamente os planos tarifários de Trump por poderem levar ao “isolacionismo econômico”. Embora recentemente tenha declarado que “após a imposição de tarifas, apoiará cortes de juros”, esse ponto de discórdia ainda existe.
A questão será como equilibrar a “manutenção da credibilidade do dólar” com a “atuação de Trump na política tarifária e de cortes de juros”, o que será seu maior desafio no futuro.
Por fim: o diretor geral só há um
Resumindo, a disputa entre os “dois Kevins” representa, na essência, a escolha entre dois caminhos de mercado.
Se for Hassett, será uma festa de liquidez, com o Fed seguindo a orientação da Casa Branca, potencialmente transformando-se na torcida do mercado de ações, com o Nasdaq e o BTC disparando para a lua no curto prazo, mas com o risco de inflação descontrolada e maior fragilidade do dólar a longo prazo.
Se for Warsh, provavelmente teremos uma reforma cirúrgica, com o mercado sofrendo uma dor de cabeça por causa do aperto na liquidez (withdrawal symptoms) no curto prazo, mas com uma maior tranquilidade de longo prazo, graças à desregulamentação e à política monetária mais sólida.
Mas, independentemente de quem vencer, uma coisa é certa: em 2020, Trump ainda só podia xingar Powell no Twitter; em 2025, com uma vitória esmagadora, Trump já não se contentará em ser apenas um espectador.
O protagonista, se for Hassett ou Warsh, talvez decida o rumo da história, mas o verdadeiro diretor dessa peça já se tornou Trump.
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O sucessor do Federal Reserve inverte a tendência: de "pombo leal" a "reformista", o roteiro do mercado mudou?
Autor: Frank, MSX Research Institute
Depois de ver a última pessoa, a ideia de Trump voltou a mudar mais uma vez.
Enquanto a Wall Street quase tinha certeza de que o novo presidente do Federal Reserve seria Kevin Hassett, na semana passada, uma reunião recente de Trump na Casa Branca com o ex-membro do Fed, Kevin Warsh, deixou essa aposta novamente em suspense.
Diferente de encontros anteriores, desta vez, após a reunião, a atitude de Trump em relação a Warsh mudou de forma sutil, mas significativa, demonstrando uma maior aprovação, chegando a afirmar em uma entrevista ao The Wall Street Journal: “Acredito que ambos, os Kevins, são ótimos”, colocando Warsh ao lado de Hassett na lista de candidatos à presidência do Fed.
A disputa entre Hassett e Warsh, que passou de uma “delação solo” de Hassett para uma “dupla Kevin”, não representa apenas uma mudança de “dovish loyalist” para “reformista do Federal Reserve”, mas, na essência, é uma batalha pelo fluxo de liquidez do dólar nos próximos quatro anos (leitura adicional: “Perspectivas para o novo chefe do Fed: Hassett, Coinbase e a lealdade de Trump ao dovish”).
Pode-se dizer que, para o mercado, a frase de Trump “ambos são ótimos” representa uma “incerteza enorme”.
1. De uma “delação solo” de Hassett para a disputa entre os “dois Kevins” Warsh e Hassett
Os mercados financeiros sempre são os mais honestos, e na previsão do mercado Polymarket, os fundos com maior sensibilidade já fizeram uma reprecificação antecipada dessa “luta pelo poder”.
Até 16 de dezembro, quando este artigo foi escrito, no fundo de apostas “Quem será o próximo presidente do Fed?” (Who will Trump nominate as Fed Chair?), a probabilidade de Warsh ultrapassou 45%, superando Hassett (42%) e tornando-se o principal candidato.
Para se ter uma ideia, apenas duas semanas antes, no início de dezembro, Hassett tinha uma vantagem esmagadora de mais de 80%, enquanto Warsh, na época, tinha uma taxa de vitória de apenas dígitos, assim como outros “corredores secundários” (Atualização: até 17 de dezembro, Hassett voltou a liderar com 53% contra 27% de Warsh).
O que exatamente aconteceu para que a situação inicialmente clara se revertesse de forma tão rápida? Após análise das informações públicas, a ascensão repentina de Warsh e a perda de prestígio de Hassett provavelmente se devem aos detalhes de “uma entrada e uma saída” entre eles.
Primeiro, a razão pela qual Warsh conseguiu subir ao topo deve-se, em grande parte, à sua rede de contatos direta com o núcleo de Trump.
Na verdade, em comparação com Hassett, que tinha uma posição de “assessor de equipe”, Warsh tinha uma relação mais próxima com Trump, graças ao seu sogro — o bilionário e herdeiro da Estée Lauder, Ronald Lauder, que não só é financiador de Trump, mas também seu colega de faculdade e amigo próximo há anos.
Com esse respaldo, Warsh não só ofereceu conselhos ao time de transição, como também foi visto por Trump como “um de seus”. Além disso, Warsh é amigo de longa data do atual secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e há relatos de que Trump considerou nomear Mnuchin como próximo presidente do Fed.
Além das relações pessoais, Warsh também conquistou o apoio do “mundo profissional”. Segundo fontes do FT, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, declarou apoio a Warsh em uma recente cúpula fechada de gestores de fundos, afirmando abertamente que Hassett poderia implementar cortes de juros radicais para agradar Trump, o que poderia gerar uma reação inflacionária negativa.
Isso, de certa forma, reflete a preferência do círculo de elite de Wall Street, e o apoio coletivo vindo de lá certamente aumenta as chances de Warsh. Na reunião da semana passada entre Trump e Warsh, essa confiança foi confirmada — Trump revelou que Warsh é sua primeira escolha e afirmou que Warsh tem uma visão “bastante alinhada” com a dele em relação à política monetária, chegando a dizer que consultaria Warsh na formulação de taxas de juros, embora sem obrigatoriedade de seguir suas recomendações.
Por outro lado, Hassett, que parecia estar em uma posição confortável, cometeu um erro tático: antes mesmo de ser oficialmente nomeado, tentou demonstrar sua “independência” ao mercado.
Nas várias declarações públicas da semana passada, para responder às preocupações do mercado de títulos de que ele “faltava coragem”, Hassett tentou se distanciar de Trump, por exemplo, ao ser questionado sobre o peso da opinião de Trump nas decisões do Fed, respondeu: “Não, a opinião dele não terá peso algum… Só terá valor de referência se suas opiniões forem razoáveis e fundamentadas em dados”, chegando a acrescentar: “Se a inflação subir de 2,5% para 4%, aí não será mais possível cortar juros”.
Objetivamente, esse tipo de discurso “modelo de fala de presidente do banco central” pode tranquilizar os traders de títulos, mas também tem grande potencial de irritar Trump, que deseja controlar tudo. Curiosamente, após essas declarações, a reunião de Trump com Warsh começou a aparecer na mídia.
Afinal, Trump precisa de um parceiro “obediente”, e não de outro Powell “que fica dando lições”. Para manter o controle sobre a política monetária futura, independentemente das intenções iniciais de Hassett, esse tipo de declaração de tentativa de se afastar do assunto provavelmente foi percebida por Trump como um sério “fator de penalização”.
2. Warsh: de um passo próximo ao “trono” do Fed a um insider
Na verdade, Warsh não é um “outsider” que apareceu do nada. Durante o primeiro mandato de Trump, ele foi aquele que “quase conseguiu tudo, mas acabou ficando pelo caminho”.
Poucos se lembram que, atualmente, o nome de Powell, frequentemente criticado por Trump, foi nomeado por Trump em 2017.
O que poucos sabem é que, naquela época, a disputa final foi entre Powell e Warsh. Warsh tinha o título de “mais jovem membro do Fed” (35 anos na época), e foi um braço direito de Bernanke durante a crise financeira de 2008, mas acabou perdendo para Powell, que foi fortemente apoiado pelo então secretário do Tesouro, Mnuchin.
Curiosamente, após quatro anos, Trump parece estar corrigindo esse “erro” do passado — no final do ano passado, o FT revelou que, após sua reeleição, Trump considerou nomear Warsh como secretário do Tesouro.
Pode-se dizer que Warsh nunca saiu da mira de Trump, sempre “no centro do coração”.
Isso se deve à sua formação quase perfeita: “bacharel em Stanford, doutor em Direito pela Harvard, ex-executivo do Morgan Stanley, e membro-chave do núcleo econômico do governo Bush Jr.”:
Somando-se ao seu background de família bilionária, não é exagero dizer que, nos últimos vinte anos, Warsh esteve ativo no círculo dos principais financistas globais, desde o Morgan Stanley até o Conselho Econômico Nacional do governo Bush Jr. e o Fed.
Portanto, conhecedor das regras do jogo em Wall Street e membro do núcleo social de Trump, essa dupla característica é fundamental para que ele possa, em momentos críticos, virar o jogo contra Hassett.
3. Dois “Kevins”, dois roteiros diferentes
Embora ambos se chamem Kevin, Hassett e Warsh têm roteiros completamente diferentes para o mercado.
Se Warsh realmente assumir, é muito provável que não vejamos uma “festa de cortes de juros” como a de Hassett, mas sim uma cirurgia de alta precisão na política de QE do Fed e na sua estrutura de missão.
Isso porque, nos últimos quinze anos, Warsh tem sido um dos críticos mais ferozes do “antiqua QE” — ele já criticou publicamente o uso excessivo do balanço do Fed várias vezes, e em 2010 renunciou furioso por se opor à segunda rodada de flexibilização quantitativa (QE2).
Sua lógica é clara e firme: “Se pararmos de imprimir dinheiro silenciosamente, nossas taxas de juros podem ser ainda mais baixas”, ou seja, Warsh tenta reduzir a oferta monetária (QT) para conter as expectativas inflacionárias, abrindo espaço para reduzir as taxas nominais, uma operação de alta complexidade de “usar espaço para ganhar tempo”, com o objetivo de acabar com a era de quinze anos de “dinheiro dominando”.
Quanto à redução de juros, Warsh também já criticou a política do Fed de permitir uma inflação acelerada, e afirmou que, mesmo com as tarifas de Trump, apoiaria novos cortes de juros. Assim, segundo projeções do Deutsche Bank, se Warsh assumir, o Fed pode lançar uma combinação única: ao mesmo tempo, apoiar cortes de juros com Trump e reduzir agressivamente o balanço (QT).
Além disso, diferente de Powell, que tenta ajustar a economia de forma suave, Warsh defende que o Fed deve “fazer o mínimo possível”, acreditando que “orientações prospectivas têm pouco efeito em tempos normais”, e criticando a expansão de missões do Fed para temas como clima e inclusão, defendendo que o Fed e o Tesouro devem cumprir suas funções específicas: o Fed gerenciando as taxas de juros, e o Tesouro, as contas fiscais.
Claro que, apesar de suas críticas severas, Warsh é, na essência, um “reformista” e não um “revolucionário”. Quanto ao futuro do Fed, ele defende uma “restauração”, ou seja, manter sua estrutura central, mas eliminar as políticas equivocadas dos últimos dez anos. Assim, se assumir, o Fed voltará à sua missão fundamental de defender a moeda e a estabilidade de preços, deixando de lado a política monetária como uma tarefa que deveria ser do governo.
De modo geral, um Fed liderado por Warsh provavelmente reduzirá seu escopo de atuação e, com o tempo, normalizará o balanço.
Por outro lado, para o mercado de criptomoedas e ações de tecnologia, acostumados com a liquidez “alimentada”, a chegada de Warsh ao poder representa um grande desafio a curto prazo, pois, em sua visão, liquidez ilimitada é não só um veneno, mas algo que precisa ser “destruído”.
Por outro lado, a longo prazo, Warsh pode ser um verdadeiro “aliado” — graças ao seu forte apreço pelo livre mercado e pela desregulamentação, além de acreditar no potencial da economia americana, prevendo que IA e desregulamentação trarão uma explosão de produtividade semelhante à dos anos 1980, e também por ser um dos poucos altos funcionários que investiu de fato em criptomoedas (antes do projeto Basis, de stablecoins, e na gestora de fundos de criptomoedas Bitwise), sendo alguém que realmente entende do assunto.
Sem dúvida, isso cria uma base para uma recuperação saudável dos ativos financeiros após a fase de “desinflação”.
Claro que Warsh e Trump não estão totalmente alinhados. O maior risco é na política comercial. Warsh é um defensor ferrenho do livre comércio, tendo criticado publicamente os planos tarifários de Trump por poderem levar ao “isolacionismo econômico”. Embora recentemente tenha declarado que “após a imposição de tarifas, apoiará cortes de juros”, esse ponto de discórdia ainda existe.
A questão será como equilibrar a “manutenção da credibilidade do dólar” com a “atuação de Trump na política tarifária e de cortes de juros”, o que será seu maior desafio no futuro.
Por fim: o diretor geral só há um
Resumindo, a disputa entre os “dois Kevins” representa, na essência, a escolha entre dois caminhos de mercado.
Se for Hassett, será uma festa de liquidez, com o Fed seguindo a orientação da Casa Branca, potencialmente transformando-se na torcida do mercado de ações, com o Nasdaq e o BTC disparando para a lua no curto prazo, mas com o risco de inflação descontrolada e maior fragilidade do dólar a longo prazo.
Se for Warsh, provavelmente teremos uma reforma cirúrgica, com o mercado sofrendo uma dor de cabeça por causa do aperto na liquidez (withdrawal symptoms) no curto prazo, mas com uma maior tranquilidade de longo prazo, graças à desregulamentação e à política monetária mais sólida.
Mas, independentemente de quem vencer, uma coisa é certa: em 2020, Trump ainda só podia xingar Powell no Twitter; em 2025, com uma vitória esmagadora, Trump já não se contentará em ser apenas um espectador.
O protagonista, se for Hassett ou Warsh, talvez decida o rumo da história, mas o verdadeiro diretor dessa peça já se tornou Trump.