Ethereum, uma casa digital construída pedra a pedra

No nosso barulhento mundo das criptomoedas, o Bitcoin é a lenda, soa impressionante mas parece um pouco distante. E o Ethereum? Ele é diferente. É mais como um grupo de pessoas comuns, que constrói um novo mundo com as próprias mãos, pouco a pouco. Aqui não há deuses ou imperadores, depende das ideias na cabeça da galera e do código no teclado.

Lembras-te da primeira vez que ouviste falar de “contratos inteligentes”? Como te sentiste? Confuso, um pouco entusiasmado? O Bitcoin só nos mostrou que o dinheiro pode passar sem bancos. Mas o Ethereum joga mais aberto, diz: amigo, não é só dinheiro, aqueles acordos e regras, até o funcionamento de uma empresa inteira, podem ser escritos em código, colocados na blockchain, e ninguém pode trapacear. Naquele momento, parecia que não era só papo, era como se uma luz tivesse acendido na nossa frente. Afinal, confiança não precisa ser dada a uma grande empresa ou figura importante, pode ser entregue a uma matemática fria, mas que segue regras. Essa sensação de que podemos segurar algo, é bem empolgante. Essa foi a primeira boa vibração que ele nos deu.

Mas, construir não é fácil. O Ethereum também passou por maus bocados. O incidente do DAO, foi como construir uma casa no quintal e ela de repente desmorona quase toda. A comunidade ficou em polvorosa, cada um com pressa, cada um sofrendo. No final, tiveram que criar um fork, como deixar uma cicatriz feia na árvore. Mas isso não o derrotou, pelo contrário, fez todos que ficaram entenderem melhor: cada passo que damos nessa estrada é pesado, envolve dinheiro de verdade e a cabeça de todo mundo. Essa experiência de ter passado por dificuldades e de ter carregado o peso, dá mais segurança do que só ver o preço subir. Faz sentir que não é só jogo de azar, é uma participação numa coisa grande, que pode ser incrível, mas também complicada.

Desde então, o Ethereum realmente ganhou vida. É a tela de muitos programadores que ficam acordados até tarde; são os caras do DeFi que pensam em como “cultivar” e colher; são os artistas e músicos que, ao transformar suas obras em NFTs e vendê-las, tremem de emoção; somos nós também, na internet congestionada, com taxas altas e reclamando, esperando a confirmação da transação.

Sim, às vezes o criticamos. Dizemos que é lento como uma lesma, caro demais, como uma bronca no filho teimoso. Mas quando aparecem novas redes mais rápidas e baratas, chamando “vem pra cá, tem vantagem”, muitos ficam presos, com raízes fincadas. Por quê? Porque é difícil largar essa maior, mais animada, mais inteligente comunidade. A sua congestão mostra que ela é cheia de negócios e movimento. Essa relação de reclamar e não conseguir largar, lembra o seu bairro antigo, meio caído, mas acolhedor?

Agora, ela está numa fase crucial de “crescer”. Vai passar do modo antigo de “mineração” que consome muita energia, para um novo modelo de “detentores de tokens que mandam”. Não é só uma atualização, é uma mudança de vida. Quer ser mais ecológica, mais estável, para sustentar o sonho de uma “próxima geração da internet” que todo mundo fala.

Então, quando abres o aplicativo à noite e vês aquele losango laranja, não é só o dinheiro na tua conta. É um bilhete de embarque, que te permite subir nesse navio rumo ao futuro; é um voto, que dá a tua preferência por um mundo mais justo e transparente; é também o diário coletivo do nosso grupo, que guarda nossas esperanças, angústias, alegrias e resistência ao longo dos anos.

O mundo das criptomoedas é barulhento, mas o Ethereum nos dá uma sensação estranha de segurança. Não promete uma fortuna da noite para o dia, mas te dá um pedaço de terra, algumas ferramentas, regras abertas. E diz: a terra está aqui, a casa também, o resto depende de vocês.

Por que ainda estamos aqui, firmes e fortes, seguindo essa jornada? Talvez não seja só por dinheiro. É porque, neste mundo feito de código, podemos ver os tijolos e as telhas que colocamos com nossas próprias mãos. Essa sensação de “contribuí um pouco”, junto com a de saber que milhares de pessoas estão indo na mesma direção, é o que realmente importa, o que aquece o coração. Talvez, essa seja a maior riqueza emocional que ele nos dá.